Um mentor é o profissional experiente que informalmente ajuda a orientar uma pessoa com menos experiência em seus empreendimentos pessoais ou profissionais.
Mas quem foi o Mentor, o homem por trás dessa expressão? O que ele fez de tão relevante para seu nome virar símbolo de um mestre de ofício? É sobre isso que você vai aprender agora.
O pai de Mentor

Mentor era filho de Alkimos (ou Alcimus, na forma latinizada), um nome raro, mas marcante na cultura grega. Embora não fosse amplamente usado, destacava-se por sua ligação com personagens importantes na história grega.
- Alkimos, um mirmidão (guerreiro tessálico) e companheiro de Aquiles na Guerra de Troia;
- Alkimos, herói lendário de Esparta e um dos filhos de Hipocoonte;
- Alkimos, filho de Neleu, neto de Tiro (princesa da Tessália) e Posêidon (deus dos mares).
Alkimos significa valente e inicialmente costumava ser um nome ritualístico, ou seja, um título que o jovem aqueu recebia após alguma provação e iniciação.
O conceito de valentia para os gregos foi transmitido aos romanos por meio das palavras valens (forte ou vigoroso) e valere (estar bem ou saudável).
Os Alkimos simbolizavam bravura e força física. Acima de tudo, seus corpos e mentes funcionavam como verdadeiras máquinas de guerra, sendo a personificação de Ares, o deus da guerra.
Percebe-se que o pai de Mentor foi um bravo guerreiro, mas o futuro prometia ainda mais para o pequeno garoto de Ítaca.
Diferenças de Mentor com seu pai, Alkimos

O jovem Mentor cresceu na pequena ilha de Ítaca, localizada no mar Jônico, com seus 96 km² de montanhas e vegetação exuberante.
Ítaca era como uma grande “fortaleza”, habitada por homens habilidosos nas artes da guerra. Alkimos, determinado, sonhava em ver seu filho se tornar um soldado tão corajoso quanto ele. No entanto, Mentor seguia um caminho diferente.
Foi uma pitonisa quem orientou seu pai a nomear o menino de Mentor. A raiz de seu nome vem do radical grego ménos
(μένος), que significa, numa tradução livre, “espírito que reflete“. O termo era usado em textos como a Ilíada de Homero para descrever a força mental e a determinação dos guerreiros durante batalhas.
Um dia, Mentor teve uma ideia. Ele percebeu que Ítaca era um centro militar, onde quase todos ao seu redor estavam sendo treinados como soldados. Mas então pensou: como poderia se destacar no meio de tantos?
Mentor passou então a se distanciar de seu pai e a se dedicar integralmente aos estudos da mente, à tradição dos primórdios, à poesia, ao comércio, às ciências naturais e comportamentais.
Ele se empenhou tanto que passou a ser reconhecido como um sábio prodígio. Não demorou muito até que Laerte, o rei de Ítaca, o convidasse para frequentar sua residência.
O triângulo: Odisseu, Laerte e Mentor

Laerte foi uma das figuras mais importantes da Grécia Antiga, era um dos argonautas e participou de grande parte das lendas orais contadas às crianças, também era reverenciado pelos homens e amado pelas mulheres.
Acima de tudo, o rei de Ítaca era inteligente e sagaz. Não demorou para perceber que poderia aproveitar as habilidades do jovem a seu favor. Mentor passou a ajudar a ilha em diversas áreas: cuidava da contabilidade, organizava os cerimoniais, apoiava nas colheitas e colaborava em tudo o que fosse necessário.
Laerte ficou tão maravilhado com a capacidade de Mentor de encontrar soluções para os problemas da ilha que o apresentou a seu filho Odisseu (ou Ulisses).
Odisseu era o soldado ideal, o lutador de mais destreza, o corredor mais veloz, o saltador mais audaz, o nadador mais hábil e o jovem de corpo mais atlético e vigoroso da ilha. Mas era destemperado mentalmente.
Enquanto a Odisseu sobrava emoção e faltava razão, Mentor era exatamente o oposto. Laerte soube combinar o melhor de cada um, criando uma parceria perfeita entre os dois.
O tempo se passou, Laerte cedeu o trono e Mentor seguiu prestigiado como o fiel amigo do novo rei de Ítaca, Odisseu.
A Guerra de Troia

Conforme o poeta Homero, a Guerra de Troia foi causada pelo rapto da rainha Helena (esposa do rei Menelau de Esparta) por Páris, (filho do rei Príamo de Troia).
Isso ocorreu quando o príncipe troiano foi para Esparta, em missão diplomática, e acabou apaixonando-se por Helena.
Páris havia recebido de Afrodite a recompensa de ter a mulher mais bonita do mundo, que era Helena. O rapto deixou Menelau enfurecido, fazendo com que este organizasse um poderoso exército rumo à guerra.
Odisseu havia prometido à Helena que a defenderia quando preciso fosse e também havia feito uma aliança com o rei Menelau.
O bravo Odisseu partiu então para a Guerra de Troia e confiou a administração da Ilha de Ítaca e de todos os seus bens nas mãos de seu velho amigo e conselheiro Mentor.
Telêmaco e Atena como Mentor
Mas não foi somente pela ligação entre Mentor e Odisseu que o termo mentor passou a ser utilizado como indicação de aconselhamento.
Ainda durante a Guerra de Troia, Mentor teve um papel ainda mais importante que administrar os bens do rei de Ítaca. Odisseu confiou ao Mentor a educação de Telêmaco, seu filho. Mentor instruiu o jovem nas artes das musas e o inspirou a seguir os caminhos dos pilares da força e da vontade.
Como Odisseu estava desaparecido há anos por causa da guerra, pretendentes de toda a ilha começaram a surgir, disputando a mão da rainha Penélope, sua esposa.
Mentor não tinha os dotes de um guerreiro para lidar com os demais homens na força bruta e resolveu pedir à Atena sabedoria, proteção e uma solução para a situação.
Atena respondeu, assumindo a forma de Mentor, e foi ao encontro de Telêmaco. Disfarçada, a deusa conversou com o filho de Odisseu, encorajando-o a se rebelar contra os pretendentes e a viajar para o exterior em busca de notícias sobre seu pai.
Justamente por conta desta conexão entre Mentor e seus aconselhados, seja por inspiração divina ou humana, que o termo mentor passou a ser utilizado como o compartilhamento de conhecimento por parte de alguém de confiança.
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