O que significa silêncio? Como conseguir se manter em silêncio? Qual a importância do silêncio no mundo espiritual? Como cultivar o silêncio? E o que isso tem a ver com Pitágoras? Tudo isso e mais um pouco você irá conferir agora neste conteúdo exclusivo.

“Só entendi o valor do silêncio quando precisei me calar pra não magoar alguém”

Jean-Jacques Rousseau

Os princípios Esotéricos e Exotéricos do silêncio

Todos nós temos 2 orelhas e uma boca para ouvir mais e falar menos. Há também mais 2 provérbios que nos vêm ao espírito em frente da importância silêncio: Falar, é dinheiro, ouvir, é ouro. Ou “o silêncio é ouro”. Ouvir, por conseguinte, é ser diferente.

Em religiões orientais herméticas, desde as praticadas na China, India, Egito, Grécia e outras, o processo de ensino se baseia em duas vertentes:

  • A primeira, é um discurso livre, EXOTERICO com “x”, para conhecimento de todos, sem reservas, que pese seu grau de estado cultural. Ex: Jesus falava para os pescadores em metáforas e contos na língua dos pescadores, como quando falava para comerciantes, na língua de comerciantes.
  • O segundo é o processo ESOTERICO com “s”, reservado apenas aos homens rigorosamente selecionados, com maior potencial e estado cultural avançado para a “iniciação” nos mistérios religiosos. Nestes ensinamentos, exigia-se dos iniciados o “sigilo” para que os mistérios não fossem divulgados para àqueles não preparados para conhecê-los.

Deve-se saber então que o silêncio passa por duas modalidades: EXTERIOR e INTERIOR.

EXTERIOR: quando se está no cotidiano, no mundo exterior. Isso nos permite perceber e ter um comportamento exemplar na sociedade. Este deve ser bem exercido, pois é o caminho correto e calmo para a evolução do aprendizado.

INTERIOR: é um sentimento profundo. Permite ao aprendiz descobrir a sua vontade, o seu espírito, o seu coração; um objetivo, e então criar uma harmonia (perdida) quando se está presente no mundo profano.

O caminho do silêncio

O silêncio é um caminho para atingir uma caridade verdadeira, tornar mais perfeita a atitude de benevolência e criar a VERDADEIRA ESCUTA do OUTRO.

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É a missão de um iniciado: alterar a si próprio, os homens e criar um mundo melhor. O silêncio é a nossa ordem e a nossa lei para ajudar as pessoas na necessidade.

A necessidade do surgimento nas religiões antigas de se manter sigilo em alguns estudos, citam que idos pós dilúvio, a prática da religião tornou-se perigosa. Para fugir à perseguição e preservar os segredos, os sacerdotes tiveram que lançar mão do artifício de ministrar os seus ensinamentos religiosos por meio de símbolos.

Estes segredos religiosos sempre estiveram nas mãos destes sacerdotes, os quais praticavam a iniciação de adeptos sob o maior segredo e discrição. Mais tarde, a mesma prática foi adotada pelos devotos de outras religiões e grupos herméticos.

O silêncio e a Escola Pitagórica

A Escola Iniciática Pitagórica tinha um sistema de 3 graus: o de Preparação, o de Purificação e o de Perfeição.

Os neófitos do grau de preparação eram proibidos de falar, eram só ouvintes e cumpriam um período de observação de 3 anos, durante o qual a regra era calar e pensar no que ouviam, chamado também de grau “acústico”.

No grau de purificação, o silêncio se estendia por mais 2 anos, adquirindo estes irmãos o direito de ouvir as palestras de Pitágoras.

Já no grau de perfeição, os irmãos podiam fazer o uso das palavras.

Qual a importância do silêncio no mundo espiritual?

Chilon, um dos 7 sábios da Grécia antiga, quando perguntado sobre qual a virtude mais dificil de praticar, ele respondia: “Calar.”

No Zend Avesta, que contém toda a sabedoria da antiga Pérsia, encontramos normas e regras sobre o uso e controle da palavra.

No mesmo sentido, Dante em sua obra clássica, a Divina Comédia escreve: “usa a tua palavra como um ornamento”.

Os magos e sacerdotes egípcios, ao serem iniciados assumiam um estado de silêncio total, a fim de se manterem os segredos e incitá-los à meditação.

No budismo, valoriza-se a importância do silêncio como condição de contemplação. Os essênios tinham como um dos símbolos um triângulo contendo uma orelha e outro contendo um olho, significando que a tudo viam e ouviam, mas não podiam falar, por não terem boca.

Para Orfeu, da mitologia Grega, a magia de seu canto e de sua música executada numa lira silenciava a natureza e a tudo magnetizava.

Eurípides, no verso 470 de sua obra “Os bacantes” diz que os verdadeiros são os mistérios submetidos à lei do segredo.

A palavra mistério deriva de “myein” que significa boca fechada. Os monges da ordem de Císter tinham como uma de suas regras, o silêncio para a reflexão.

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A importância do silêncio na Maçonaria

Para os trabalhadores de Pedras, pedreiros (maçom em francês), o segredo e o silêncio sobre sua arte era uma questão de sobrevivência, constituindo, inclusive, num salvo-conduto.

O sigilo é um dos conceitos mais atacados pelos opositores dos grupos Herméticos. A partir de então, teve início o confronto com as igrejas. Isso aconteceu provavelmente porque o sigilo é importante para o desenvolvimento dos iniciados e os protege de quem ainda não têm a clareza e mente aberta para esta evolução.

É neste ponto que muitos leigos consideram, de modo geral para algumas religiões, que as escolas herméticas representam ideias muito fortes e extremas de atividades anti-cristãs, demoníacas, ligadas ao sobrenatural e que extrapolam os sentidos humanos.

O significado de ocultismo, para algumas religiões e crenças, no seu sentido mais “negro” ou pejorativo seria de feitiçaria, magia, adivinhação e quiromancia. O que há de extraordinário nisso?

Em qualquer organização, seja religiosa, comercial, política, intelectual ou familiar, há segredos ou reservas de alguns fatos ou coisas particulares para os membros destes grupos. A cautela é natural e inerente ao ser humano. No governo, há os chamados “segredos de estado” e nem por isso é algo ocultista, ou ainda no mundo dos negócios há quem diga que o segredo é a alma dos negócios.

“Falar é uma necessidade, escutar é uma arte”

Goethe

A palavra é a expressão do nosso pensamento, por traduzirem as ideias e os sentimentos, elas se tornam um emissor de vibrações, tanto positivas quanto negativas.

A palavra está intimamente ligada ao silêncio, outra sublime expressão da psique humana. A doutrina maçônica reserva o silêncio aos seus membros, de acordo com a tradição pitagórica.

Na verdade, a importância do silêncio reflete a necessidade que os iniciados têm de entrar dentro deles mesmos para um aprofundamento de sua razão e autoconhecendo para obter assim a calma e a harmonia em seus espíritos. Ou seja, tentar atrair “as Boas Vibrações” entre as pessoas para assim poder servir de humanidade e do mundo.

O significado do silêncio

O dicionário Aurélio aponta como sinônimos de sigilo: mistério, secreto, reserva, cautela, precaução, confidencial, segredo, enigma e OCULTO.

Um grande pedreiro indiano disse: “Orar é falar COM DEUS, meditar é ouvir a resposta.”

Uma das alegorias essenciais e místicas do silêncio é o peixe que cristaliza o elemento fundador físico que é a água. A função silenciosa intrínseca do PEIXE permite observar e analisar: parece passivo. Neste sentido o peixe opõe-se à serpente, mais ativo.

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Outro símbolo é o bode. Pois os judeus o utilizavam para se confessarem. Pois no Torá eles devem se confessar pelo menos uma vez ao ano. Este bode ouvia o pecado de todos da aldeia e depois era largado no deserto para morrer com os segredos e pecados das pessoas.

Outra metáfora sobre a importância do silêncio na cultura bíblica é o Anjo RAPHAEL. “Raphael, anjo que alivia a doença, pode também salvar a Humanidade do Demônio. Retorna junto dos homens para abrir os olhos aos cegos. Pelo seu silêncio, salva os Homens.”

Gostaria de citar também o episódio primeiro da Bíblia conhecido sob o nome da “Gênese”: É dito que o primeiro ato de Deus foi a criação “do VERBO”. Pode-se por conseguinte concluir que antes do verbo, era o silêncio? Como poder ser qualificado o período antes do início do Universo?

Como conseguir se manter em silêncio

Além de exercitar a autodisciplina, em seu silêncio, o iniciado aprende com mais intensidade tudo o que ouve e tudo o que vê.

Assim, a voz que se mantém em silêncio é a sua voz interior, quando ele dialoga consigo mesmo e, neste diálogo, analisa, critica, tira suas próprias conclusões e aprimora o seu caráter.

Em resumo, pelo silêncio, se estimula a desenvolver a arte de pensar, a verdadeira Arte Real. O silêncio é indispensável e decisivo no processo de lapidação da pedra bruta da vida e no seu aperfeiçoamento.

O silêncio e o segredo são instrumentos de humildade e aprendizagem, pois o homem iniciado sempre se permite trazer de volta o que foi perdido em algum momento de seu crescimento pessoal.

Por isso palavras são difíceis e inúteis para revelar nossas conquistas interiores, mostrando que somos indivíduos melhores e mais justos em função do que aprendemos desta arte real.

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