Neste artigo você descobrirá a origem da expressão “Menina dos Olhos” e qual o motivo de tantas tradições utilizarem a expressão de forma simbólica.
O que é a pupila dos olhos?

Indo direto ao ponto, pupila é o diminutivo latino de puppa e pode ser traduzido como menina, garota pequena ou boneca.
Agora ficou fácil de entender, pupila é o nome da “bola do olho”. Logo, a Menina dos Olhos é a tal da pupila.
Para que serve a pupila dos nossos olhos?
A pupila é um orifício localizado na parte do olho situada entre a córnea e o cristalino, bem no centro da íris.
Por ser um orifício, não tem cor, mas a sua aparência é preta, pois não há iluminação na parte interna dos olhos.
A íris é um tecido diafragmático, que controla, ao contrair e relaxar, a entrada de luz.
Quanto menor a luminosidade de um ambiente, mais dilatada ficará a pupila, ou seja, maior ela vai parecer e, quanto maior a luminosidade, menor será o seu tamanho.
A íris possui músculos que podem se contrair ou relaxar, diminuindo ou aumentando o tamanho da pupila segundo a iluminação do ambiente. Dessa forma, a íris regula automaticamente a intensidade de luz que entra no olho.
A pupila é, de certa forma, um caminho sombrio enquanto a íris é algo similar a uma câmara de iluminação.
Por que a pupila virou a Menina dos Olhos?

Você já entendeu a etimologia por trás do termo pupila e sacou que se trata de uma menina/boneca que fica bem no centro dos olhos da gente, o ponto central da íris.
Mas e aí? Por que dizem que existe uma menina na pupila? De onde veio isso?
Faça o teste você mesmo. Repare bem de perto os olhos de alguém, você verá na pupila dessa pessoa, como num espelho, o reflexo de sua própria imagem.
O ponto é que esta imagem é tão pequenina que parece ser a figura de uma criança.
Qual o simbolismo por trás da Menina dos Olhos?
É na Bíblia que a Menina dos Olhos se apresenta, confira alguns trechos:
Menina dos Olhos no Salmo 17:

Ouve, Senhor, a minha justa queixa; atenta para o meu clamor.
Dá ouvidos à minha oração, que não vem de lábios falsos.
Venha de ti a sentença em meu favor;
vejam os teus olhos onde está a justiça!
Provas o meu coração e de noite me examinas;
tu me sondas e nada encontras;
decidi que a minha boca não pecará
como fazem os homens.
Pela palavra dos teus lábios eu evitei os caminhos do violento.
Meus passos seguem firmes nas tuas veredas;
os meus pés não escorregaram.
Eu clamo a ti, ó Deus, pois tu me respondes;
inclina para mim os teus ouvidos e ouve a minha oração.
Mostra a maravilha do teu amor, tu, que com a tua mão direita salvas
os que em ti buscam proteção contra aqueles que os ameaçam.
Protege-me como à menina dos teus olhos;
esconde-me à sombra das tuas asas,
dos ímpios que me atacam com violência,
dos inimigos mortais que me cercam.
Eles fecham o coração insensível
e com a boca falam com arrogância.
Eles me seguem os passos e já me cercam;
seus olhos estão atentos, prontos para derrubar-me.
São como um leão ávido pela presa,
como um leão forte agachado na emboscada.
Levanta-te, Senhor!
Confronta-os! Derruba-os!
Com a tua espada livra-me dos ímpios.
Com a tua mão, Senhor, livra-me de homens assim,
de homens deste mundo, cuja recompensa está nesta vida.
Enche-lhes o ventre de tudo o que lhes reservaste;
sejam os seus filhos saciados, e o que sobrar fique para os seus pequeninos.
Quanto a mim, feita a justiça, verei a tua face;
quando despertar, ficarei satisfeito ao ver a tua semelhança.
Menina dos Olhos em Deuteronômio 32, sobre como Deus protegia Israel:

Escutem, ó céus, e eu falarei;
ouça, ó terra, as palavras da minha boca.
Que o meu ensino caia como chuva e as minhas palavras desçam como orvalho,
como chuva branda sobre o pasto novo, como garoa sobre tenras plantas.
Proclamarei o nome do Senhor.
Louvem a grandeza do nosso Deus!
Ele é a Rocha, as suas obras são perfeitas, e todos os seus caminhos são justos.
É Deus fiel, que não comete erros; justo e reto ele é.
Seus filhos têm agido corruptamente
para com ele, e não como filhos; que vergonha!
São geração corrompida e depravada.
É assim que retribuem ao Senhor,
povo insensato e ignorante?
Não é ele o Pai de vocês, o seu Criador,
que os fez e os formou?
Lembrem-se dos dias do passado;
considerem as gerações há muito passadas.
Perguntem aos seus pais, e estes contarão a vocês,
aos seus líderes, e eles explicarão a vocês.
Quando o Altíssimo deu às nações
a sua herança, quando dividiu toda a humanidade,
estabeleceu fronteiras para os povos
de acordo com o número dos filhos de Israel.
Pois o povo preferido do Senhor
é este povo, Jacó é a herança que lhe coube.
Numa terra deserta ele o encontrou,
numa região árida e de ventos uivantes.
Ele o protegeu e dele cuidou;
guardou-o como a menina dos seus olhos,
como a águia que desperta a sua ninhada,
paira sobre os seus filhotes,
e depois estende as asas para apanhá-los,
levando-os sobre elas.
Podemos perceber que nos dois textos, tanto na oração de Davi quanto na verbalização do altíssimo, o termo menina dos olhos é utilizado como razão de proteção, preferência ou zelo.
Simbolicamente, a menina dos olhos representa uma visão antropomórfica do divino e, desta forma, aponta para aquilo que lhe importa, aquilo para qual se tem olhos.
A menina dos olhos é aquilo de mais precioso que podemos observar por nós mesmos, é o nosso próprio reflexo aos olhos do criador e a centelha divina que existe em nós mesmos capaz de nos conectar ao divino de forma indivisível.
O caminho para a iluminação
Para finalizar, voltaremos a falar da pupila. A pupila é uma das partes mais delicadas do corpo humano. Basta um ataque direto em sua direção, voluntário ou não, para machucá-la e danificá-la. Até mesmo grãos de poeira podem lesioná-la.
O Ser Humano é da mesma forma, frágil e vulnerável. E não somente sobre os aspectos materialistas, mas também sobre as adversidades e imprevistos da vida.
Assim como a pupila depende dos movimentos da íris para obter luz, também dependemos de nossas próprias ações para conseguirmos esclarecer (clarear/iluminar/dar luz) a nossa vida.
Hermeticamente falando, a Menina dos Olhos é a visão do caminho para a iluminação: frágil, escuro, oculto, guardado aos olhos do divino e que só pode ser iluminado por nós mesmos, por nosso conhecimento e nossas próprias experiências.