Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni nasceu em Caprese, região da Toscana e província de Arezzo, em 1475, e foi um pintor, escultor, poeta, arquiteto e uma das mentes mais brilhantes que já ouvimos falar.

Vamos entender um pouco mais sobre o brilhantismo do iniciado “Anjo Miguel” e sua relação com o mundo cabalístico.

A Mística Judaica na Capela Sistina

Foi o Papa Sisto IV quem mandou construir a Capela Sistina, esse é o motivo do nome da tal capela, inclusive.

Mas foi durante o papado de Júlio II que construtores foram chamados para uma restauração completa da capela e um desses arquitetos foi o famoso Michelângelo.

O trabalho todo do artista envolvem 343 figuras e o teto da capela em que Michelângelo trabalhou durante quatro anos no início do século XVI, é um emaranhado de códigos e conceitos retirados da cabalá judaica.

Mas como assim? Como poderiam haver símbolos judaicos no teto da “jóia papal”? Qual o objetivo por trás disso? Como ele fez isso?

As respostas destas perguntas podem parecer absurdas, mas são simples, Michelângelo pretendia enviar mensagens por baixo das barbas dos profanos.

Isso é algo sabido por gerações nas ordens iniciáticas, mas foi recentemente divulgado a público pelo rabino Benjamin Blech, professor de Talmud na Yeshiva University of New York em parceria com Roy Doliner, guia turístico no Vaticano.

A dupla condensou seus estudos no livro The Sistine Secrets: Michelangelo’s Forbidden Messages in the Heart of the Vatican.

A ponte entre a Igreja Católica Romana e o Judaísmo

Michelângelo, com toda a sua genialidade, fez uma “ponte” entre a Igreja Católica Apostólica Romana e a fé judaica.

Ao analisar a disposição das figuras sobre o vasto teto da capela, os autores encontraram formas que correspondem às letras hebraicas.

Por exemplo, o rabino afirma que as figuras de David e Golias formam a imagem da letra hebraica gimel, que simboliza Geburah (Gimel, Beth, Vau, Resh, Heh), ou força, na tradição mística da cabalá judaica.

A cabalá é um conjunto de antigos ensinamentos esotéricos que se destinam a descodificar o significado da Torah.

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Na parede oposta, a cena que mostra Judite e a sua criada carregando a cabeça do general assírio Holofernes.A figura das duas apresenta a forma da letra chet hebraica, que representa Chesed (Chet, Samech, Daleth) ou as características de “bondade amorosa”.

As camadas ocultas da observação sobre Michelângelo

Numa primeira camada de entendimento podemos achar que Michelângelo estava apenas prestando homenagens ao judaísmo ou algo do tipo, mas tudo isso vai muito além.

Existem diversas camadas de significado sobre significados que só podem ser compreendidas por quem possuir as chaves do conhecimento, nesse caso, da tradição judaica.

Todas as figuras das nove cenas do teto da Capela Sistina pintadas por Michelângelo são de judeus.

Decifrando grande parte das mensagens podemos perceber “gritos” de Michelângelo, é como se ele nos alertasse sobre algo muito maior e mais importante.

Michelângelo faz o questionamento: “Por que ignoramos as nossas verdadeiras raízes?“.

Ele denuncia a fé da Igreja Católica como algo profano, nefasto e manipulador. Um exemplo disso também é bem claro na representação da Árvore da Vida como uma figueira, indo de encontro com a visão cabalística judaica.

Não foi em vão que a Capela Sistina foi construída nas mesmas proporções do Templo de Jerusalém. Michelângelo não estava sozinho, como já dito, ele fazia parte de um grande grupo de iniciados.

Lorenzo de Médici e Michelângelo

Sim, Michelângelo tinha as costas quentes, era protegido de um dos homens mais ricos e influentes de toda a Europa, Lorenzo de Médici.

Ele era neto de Cosme de Médici (o Velho) e resolveu seguir a política de seu avô, porém era um tirano. Utilizava de espiões e interferia na vida privada de toda a população por si governada.

Lorenzo concentrou muito poder em suas mãos, elevando Florença a um nível superior ao de qualquer outra cidade europeia, transformando a cidade numa espécie de Atenas italiana.

Florença não poderia ter um tirano melhor ou mais agradável e tudo graças ao apoio que ele proporcionava patrocinando e protegendo escritores, sábios, artistas e cientistas. Ele financiou as primeiras imprensas italianas e foi no palácio de Lorenzo que o movimento renascentista começou a se idealizar.

Mas o grande diferencial de Lorenzo para os demais mecenas, era o fato de Lorenzo ter sido um intelectual de fato. Ele era ativamente participativo nas atividades intelectuais que promovia.

Foi um escritor, poeta, místico e pensador brilhante. Costumava receber e filosofar com personalidades da época como Ficino, Picco della Mirandola, Botticelli, Ghirlandaio e, claro, Michelângelo.

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Foi num ateliê financiado por Lorenzo que Michelângelo começou a realizar seus primeiros estudos.

O cabalista Lorenzo e o aprendiz Michelângelo

Roma passou a observar Lorenzo como um risco iminente. A igreja caçava alquimistas como ele, mas ele era muito influente e tinha conexões em toda a Europa, nos mais diversos setores.

O Vaticano resolveu então guerrear no campo filosófico, enquanto as mentes mais conservadoras e unitárias eram atraídas para a igreja, Lorenzo atraía a diversidade entre seus pensadores.

Isso acabou por atrair muitos pensadores cabalistas, fazendo com que Lorenzo se aproximasse e passasse a estudar a mística judaica.

Em 1471, o papa Sisto IV resolve dar um fim nas “heresias” de Lorenzo e resolve destruir os Médicis.

O papa resolveu favorecer os Pazzi, inimigos mortais dos Médici, na venda de alume ao Vaticano, e ainda conspiraram para assassinar Lorenzo e o seu irmão Giuliano durante uma missa em Florença.

Durante a eucaristia, Giuliano morre apunhalado pelos mandantes dos Pazzi, tendo Lorenzo conseguido fugir ferido, pelos subterrâneos da Catedral.

Os anos que se seguiram, seriam dedicados à reconstrução das finanças e do prestígio da família, ao alargamento das relações comerciais, ao patrocínio de novos talentos e à encomenda de obras de arte que constituiriam, para as gerações futuras, o grande legado do Renascimento.

É nesta altura do campeonato que Michelângelo é descoberto por Lorenzo. Ele percebe que o artista tem grande potencial e resolve protegê-lo e compartilhar seus segredos.

Michelângelo foi educado com o conhecimento dos filósofos pré-socráticos como Pitágoras, com o pensamento platônico e a cabalá judaica.

Ele se interessou tanto pelo conhecimento dos judeus que estudou profundamente o Midrash, o Talmud e o Tanach, elementos fundamentais do judaísmo.

Este é um dos principais motivos do teto da Capela Sistina existir somente personagens do Antigo Testamento, Michelângelo não está apontando para Bíblia Cristã, mas para a Torah judaica.

Os ataques de Michelângelo ao Papa Júlio II

Foi o papa Júlio II quem encomendou a obra e Michelângelo não tinha opção, era pintar ou pintar.

O mestre Michelângelo até tinha motivos de sobra para criticar o papa, afinal de contas, ele não pintou o teto deitado em um andaime como se acredita, mas em pé, jogando a cabeça para trás.

Isso afetou seriamente a sua saúde, que, na época do início dos trabalhos, em 1508, tinha apenas 33 anos: desenvolveu uma infecção no ouvido devido à tinta que caía em seu rosto, teve artrite e escoliose.

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Numa carta que ele enviara para seu amigo Giovanni da Pistoia, o artista dizia: “Já ganhei bócio com essa tortura, meu estômago está esmagado sob meu queixo, meu rosto fede a fezes e a coluna está toda nodosa de me dobrar“.

Ele terminou com uma afirmação pontual: “Eu não estou no lugar certo – eu não sou um pintor“.

Fora os problemas que Michelângelo já tivera anteriormente com o papa, era a corrupção papal que incomodava o artista, tanto que ele resolveu pintar o profeta Zacarias à semelhança do papa e, por trás dele, um anjo faz um gesto obsceno com a mão direita na parte de trás da cabeça.

O gesto que o anjo está fazendo é chamado de “figo”. Esse gesto específico era equivalente ao dedo médio atual. Na Roma antiga, era conhecido como “manus obscenus” ou “mão obscena”.

É claro que existem muitos detalhes na obra que poderíamos passar dias discutindo, como quando em 1990, o cirurgião Frank Meshberger argumentou no Journal of the American Medical Association que o painel central, mostrando Deus e Adão a tocar um no outro, tinha a forma de um cérebro e uma medula espinhal.

O lado direito do cérebro humano na cabalá judaica é chokmah (sabedoria), e Deus está aparecendo do lado direito do cérebro.

Ou quando em 2000, o Dr Garabed Eknoyan viu a forma de um rim na pintura. E ainda como em 2005 dois médicos brasileiros encontraram partes do corpo escondidas por todo o lado, incluindo um tubo bronquial escondido no tronco da árvore no painel que mostra a Criação de Eva.

O fato é que a genialidade de Michelângelo está além do que se vê.

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