O que significa o hexagrama? Por que ele é importante na Maçonaria, em ordens religiosas e na filosofia hermética em geral? Leia este artigo para descobrir!
O que é o hexagrama
A palavra hexagrama é de origem grega e significa (hex = seis, gramma = linha), ou seja, trata-se de uma sequência de seis sinais gráficos.
A simbologia por trás do hexagrama

O caráter das linhas é designado como firme ou maleável, como central e correto ou como não-central e incorreto.
As linhas inteiras são firmes (rígidas) e as partidas são maleáveis (fracas). As linhas medianas dos dois triagramas básicos, a segunda e a quinta, são centrais, independentemente de suas outras qualidades.
As linhas que ocupam posições análogas no trigrama inferior e no trigrama superior tem, muitas vezes, uma relação particularmente estreita, a relação hermética de correspondência.
Essa correspondência se faz entre as seguintes posições (desde que a natureza de seus ocupantes seja diversa): a primeira linha corresponde à quarta; a segunda, à quinta; e a terceira, à sexta.
Como regra geral, as linhas firmes correspondem apenas às maleáveis, e vice-versa. Entre as que se correspondem, as mais importantes são as duas linhas centrais na segunda e na quinta posição, como um relação entre chefe e funcionário, pai e filho, marido e mulher etc.
Pode-se ver também nas linhas uma questão de solidariedade, no qual as duas linhas vizinhas de natureza diferente pode ocorrer, consistindo por parte da linha inferior em “receber”, e por parte da linha superior em “repousar sobre”.
Também pode-se referir nas linhas do hexagrama a questão do tempo, no qual há o movimento que significa a diminuição ou crescimento, o esvaziamento ou plenitude.
O tempo significa ação, no qual determina o sentido da situação como um todo, e com base nisso as diversas linhas recebem seu significado.
As duas retas, linhas, partindo de um ponto abrindo um ângulo que direciona para o infinito, mas duas retas separadas e opostas, unidas por um ponto, podem voltar-se a unir desde que traçamos outra reta, bloqueando desta maneira sua trajetória ao infinito, formando uma figura geométrica perfeita, como um triângulo equilátero.
O hexagrama como a representação do UNO
O triângulo equilátero do hexagrama representa o UNO, tudo está contido nele, dentro se coloca a palavra D’us, é transcendente e representa também o macrocosmo. E tem também o triângulo oposto que olha para a terra, para a soma, para a matéria.
Tudo está contido no TODO. Somos o universo e, ao mesmo tempo, somos o pó cósmico e que também ao Eterno (o cosmos) retornaremos.
Na junção de ambas figuras encontramos a harmonia do transcendente com o físico, para nos lembrar que fazemos parte de uma dualidade perene, ou seja, soma e espírito, que ambos transitam por sendas opostas, mas uns têm que substituir com o outro, um apoiando o outro.
A relação entre as tradições iniciáticas e religiosas com o hexagrama

Na maioria das teorias, o hexagrama está relacionado ao judaísmo. Entretanto, desde a Idade do Bronze, símbolos como o pentagrama e o hexagrama já foram encontrados em civilizações longínquas, tanto em aspecto cultural como geográfico, como Índia, Mesopotâmia e Grã-Bretanha.
Nem todos os ritos maçônicos utilizam a estrela pentagonal, no caso do Rito York, a blazing star (estrela flamejante) é de seis pontas ou estrela hexagonal com triângulos eqüiláteros, cruzados pela base dos opostos pela vértice segundo José Castellani.
A mais antiga peça encontrada de um hexagrama é um selo judaico encontrado na cidade de Sidon (Líbano), datado do séc. VII AC.
Diz a doutrina hebraica que o mundo foi feito em 6 dias e, no último, o Eterno descansou.
“É a perfeição do universo na obra mística dos seis dias onde são indicados ao mundo o alto e o baixo, o oriente e o ocidente, o meio-dia e o setentrião.”
Papus
Durante a Idade Média, os cristãos utilizavam ornamentos de estrelas de cinco ou seis pontas como amuletos de proteção. Inclusive os judeus, com a Mezuzah e o os muçulmanos com o Katam Suleimon.
Magen David, a Estrela de David

Em 1354, o rei Carlos IV (Karel) da Bohemia, concedeu à comunidade judaica de Praga, o privilégio de uma bandeira que foi confeccionada num fundo vermelho e o hexagrama centralizado em dourado.
Desta forma, o símbolo foi conhecido como Maguen David (Escudo de Davi) adquirindo também uma conotação religiosa e um referência do estado, sendo assim, foi a primeira vez que o hexagrama foi utilizado oficialmente como símbolo judaico.
Outra tese afirma que os ashkenazim (asquenazes) são os judeus que, após a diáspora de 1492, da Espanha e Portugal, se estabeleceram na Rússia e Alemanha, enquanto os sefaradim (sefarditas), para o norte da África e Jerusalém e foram os asquenazes os primeiros que se têm notícias de que usaram o termo Estrela de David.
A partir do século XVII, o hexagrama tornou-se emblema oficial de várias comunidades judaicas. Também no século XVII em Viena, foi gravado sobre uma pedra para a delimitação entre os bairros judeus e cristãos, um hexagrama e uma cruz.
Quando os judeus foram expulsos desta cidade, levaram o símbolo para as outras cidades, como a Moravia e Amsterdã.
No ano de 1799, foi utilizado para representar o povo judeu em uma gravura antissemita. Em 1933, sob a decisão de Hitler, a Estrela Judaica, pejorativamente foi chamada pelos nazistas como símbolo de desonra durante todo o Terceiro Reich.
Somente em 1948, o hexagrama foi adotado como bandeira do estado de Israel, tornando-se a maior referência do judaísmo.
A interpretação judaica do Magen David
Uma interpretação judaica é que as 12 arestas representaria as 12 tribos de Israel, havendo algumas fontes rabínicas e cabalísticas para isso. Outra interpretação é o nome hebraico de David que é composto por três letras Dalet-Vav-Dalet.
Na Cabala Judaica, o hexagrama faz alusão às sete emanações divinas (Sefirot) inferiores. Cada um dos triângulos que formam os lados da estrela representam uma emanação e o centro dos triângulos maiores sobrepostos representam a emanação denominada Malchut.
O hexagrama hermético

No símbolo judaico, a Estrela de Davi, é sobreposto, mas no Hexagrama Místico, os triângulos devem estar entrelaçados para representar a união das forças ativas e passivas da natureza, os pólos femininos e masculinos, yoni e linga (representações dos genitais no hinduismo, sendo o triangulo voltado para baixo como símbolo do príncipio feminino e o para cima como masculino.
Na maçonaria do Arco Real, ele simboliza o equilíbrio e a harmonia. Há também uma interpretação no qual o triângulo voltado para baixo representa o céu e o segundo triângulo simboliza a terra, de forma que uma interfira na outra.
Supõe-se que as seis pontas representem o domínio celeste sobre os quatro ventos e sobre o que está em cima e o que está em baixo na terra. Outra interpretação, provavelmente de base na alquimia, os triângulos componentes representam a água e o fogo.
O fogo se acha representado pelo triângulo ascendente do enxofre; o ar é o mesmo triângulo cortado ou temperado pela linha horizontal da água, representada pelo triângulo com a ponta para baixo, e a terra vem a ser água secada pela linha horizontal do fogo.
Os princípios herméticos no hexagrama
O hexagrama expressa muito bem o princípio de analogia e correspondência universal formulado no hermetismo: “o que está em cima é como o que está em baixo, e o que está em baixo é como o que está em cima”, representando nos dois triângulos o mundo divino e mundo material, enquanto no centro dos dois a estrela representa o mundo subjetivo ou inferior do homem, intermédio e veículo para a manifestação de um com o outro.
O nível mais elevado do número Seis, representa a LUZ, a Harmonia, o Bem, a União do espirito divino e da matéria, do positivo e do negativo, yang ao yin. A inércia do Dyn. O Entendimento.
Também na Árvore da Vida, o numero é atribuído a Tiphereth, sua posição está na beneficência ou equilíbrio, que é o centro da Árvore da Vida, um ponto de transição pois todos os outros se convergem para ela e porque é “ o ponto de transmutação entre os planos da força e os planos da forma”.
É uma emanação de Chesed e Geburah. Seu Sephiroth é a Beleza, o nome de D’us é Eloha, os membros místicos são a potência, o arcanjo é Raphael, e a Ordem do anjo é Malachim.
Em relação as cores, seu Atziluth (Escala do Rei) é cor-de-rosa, seu Briah (Escala da Rainha) é amarelo, Yetzirah (Escala do Imperador) é rosa-salmão e o Assiah é (Escala da Imperatriz) âmbar.
Sua correspondência física é o peito, o símbolo o cubo, imagem mágica, o rei majestoso, um menino, sua virtude é a devoção ao trabalho e seu vício o orgulho.
Sua particulariedade faz especialmente fácil sua construção geométrica, com o auxilio do compasso, e por esta mesma razão pode subdividir-se em seis triângulos eqüiláteros, cujo ângulo chama-se Sextil, é o ângulo que se abre o compasso, como emblema maçônico, por ser esse ângulo um símbolo universal da Harmonia.
O Seis então, é a natureza vibratória do universo. Por ser um símbolo de Harmonia, o hexagrama está relacionado a culturas orientais, sobretudo na prática do Feng Shui, onde ele define as áreas benéficas e maléficas do que lhe é representado.
O solstício e o equinócio, que acontecem a cada seis meses, são posições aparente do sol e a incidência de sus raios na superfície terrestre.
A inclinação do eixo de rotação da Terra, aliada ao seu movimento de translação, interferindo na existência das estações do ano. O auge desta posição do limite máximo ou mínimo de incidência solar para os povos antigos era utilizada para celebrações divinas ou cabalísticas.
O hexagrama na Maçonaria

Dentro da loja maçônica podemos encontrar várias formas do hexagrama, como as 3 jóias móveis, o VM:. Com o 1º e 2º VVig:. e o outro triângulo invertido com o Or:., Secr:. E o Gua:.
Outra interpretação são as quatro direções com o céu e a terra, somando-se seis pontos, que segundo a lenda o Rei Davi a utilizou pela primeira vez quando ainda era soldado raso no sentido de demonstrar que era D’us que o protegia e não o escudo, suas armas ou habilidades, colocando o símbolo representando os seis lados possíveis com a mensagem “D’us está em todos os lados e me protege.” Daí o nome Magen David (Escudo de Davi).
Outro símbolo de simples compreensão é o esquadro e compasso enquanto a L:. estiver aberta, fica no centro trazendo harmonia e compreensão a todos os II:.
Em relação as pedras, o Rei Salomão disse, ao visitar o Templo, segurando duas pedras, uma cúbica e outra polida. “O homem deve ser como a pedra polida (o cubo) que surge como uma pedra bruta, irregular, multi angulada, instável, e que ao ser lapidada revela toda a beleza contida que existe em todas as coisas da natureza.
O ser, enquanto não for também lapidado não será aceito no Castelo da Perfeição.
“O homem é como a pedra bruta, cheio de irregularidades, aspereza e imperfeições. Assim como o talhador lapida e transforma a pedra bruta tornando-se polida, assim também a pessoa deve lapidar-se, tirar de si inúmeras arestas irregulares, deixando apenas aquelas arestas necessárias a lhe dar uma forma regular e perfeita. Polir a pedra bruta, desbastar todas as arestas imprecisas, para poder ser simbolizado por uma forma geométrica regular em seus múltiplos aspectos, a pedra cúbica.”
Os 6 lados da pedra maçônica

Na pedra polida, há seis lados representadas pela:
1º – Percepção
Tudo depende inicialmente de perceber, pois é a primeira iniciativa de uma pessoa deve ser a atenção da mente.
A percepção só deixa de ser fundamental quando a pessoa chega ao nível de consciência clara, estado em que tudo é percebido. Sem percepção, nenhuma obra pode ser conduzida, a pessoa é praticamente um incapaz.
Portanto, é aguçando a percepção que ela pode desenvolver com mas eficácia qualquer empreendimento, quer seja material, intelectual, moral ou espiritual. Esta é a diferença essencial entre o ignorante e o sábio.
Mas não é somente no que diz respeito às realizações materiais que a percepção é fundamental, também é básico no desenvolvimento espiritual, pois é por meio da percepção que o indivíduo “pode perceber a importância de comer ou não do fruto da arvore da vida, da arvore do mal e do bem”.
2º- Prontidão
Não é o bastante somente perceber, também é necessário estar pronto, devidamente preparado para dar andamento a qualquer empreendimento.
A capacidade é fundamental, pois após a percepção a pessoa analisa se tem ou não a devida capacidade para a realização.
A capacidade envolve muitos ângulos, muitas facetas. Na área da pedra bruta no qual vem ser estabelecida a face corresponde à Prontidão. Existem muitas arestas a serem desbastadas e eliminadas.
Tem que ser considerado a capacidade profissional, capacidade econômica, física, emocional e muitas outras. Sob o manto sombrio da falta de prontidão, vivem os enganadores, os que compram e não pagam, os velhacos e outros.
Nesse principio moral está contido aquilo que é dito na Bíblia Sagrada quando diz em Eclesiástico que há um momento certo para tudo, um tempo apropriado para cada coisa, um momento justo e favorável para toda a realização. Há o momento para nascer e o momento para morrer, um momento para plantar e um momento para colher.
3º- Prudência
Iniciada a viagem, é preciso ter prudência. A prudência envolve o exame do empreendimento. Tudo aquilo que se faz deve ser feito com prudência.
O seu oposto é a impetuosidade, que pode ter muito graus, podendo ir desde uma simples negligência até atingir a precipitação, passando pela intrepidez, pelo arrojo etc.
Ser prudente é ser cauteloso, é medir o nível pessoal de prontidão, é conhecer leis e princípios para não infrigi-los, pois como diz um adágio: “Não se agride impunimente a natureza” ou “A lei sempre se cumpre.” Por isso vigiar é o exercício da prudência.
4º- Paciência
“A pedra que deve ser polida merece a paciência do artesão, do contrário jamais as asperezas serão eliminadas”, disse Salomão.
Polir é, antes de tudo, um exercício de paciência. É por meio da paciência que podemos alcançar a sabedoria e a virtude.
A sabedoria exige tempo, é um edifício obstruído pedra a pedra, portanto algo que se opõe à precipitação. “A paciência é reflexo da ordem e a precipitação é o reflexo do caos.” A natureza nos ensina o exercício da paciência, vemos a precisão no cumprimento das leis.
5º – Perseverança
“Nenhuma aresta é polida se não tivésseis a perseverança necessária para desbastá-la… A natureza humana é assim, passo a passo toda estrada pode ser percorrida; gota a gota até mesmo o oceano pode ser esvaziado… Ceitil por ceitil, tudo será pago… Dívida por dívida, tudo será pago, se tiveres paciência e perseverança no desejo de fazê-lo.”
Salomão
Jamais se chega ao fim da jornada sem que haja um mínimo de perseverança. Sem a perseverança não se daria nem sequer o primeiro passo.
Jesus nos legou uma lição de perseverança na caminhada para o calvário. Diz a Bíblia que ele caiu por três vezes, levantou-se e continuou sua caminhada, mostrando que mesmo que a pessoa caia na estrada da vida ela deve perseverar.
“O justo cairá sete vezes, e tornar-se-á a levantar”
Provérbios, 23-16
Na realidade, se pensarmos bem, veremos que a não é a força e sim a perseverança que executa as obras.
A natureza não é pródiga para os que não perseveram, ela dá tudo mas é preciso que a pessoa não se acomode diante das situações. O que separa o fracasso do sucesso, em parte é sem dúvida alguma a perseverança.
6º – Perfeição
Podes fazer pouco, mas tudo aquilo que fizéreis fazei-o com perfeição. A diferença entre o curioso e o artista é a perfeição.
Os virtuosos em qualquer arte são aqueles que procuram fazer as coisas o mais perfeito possível. Pela perfeição das realizações que os obreiros se transformam em artistas.
Os principais oponentes da perfeição são: o não estar Pronto, a incapacidade e a negligência.
O objetivo do homem não é a felicidade, é a perfeição, pois na perfeição reside a felicidade. Não pode ser Mestre aquele que não procura ser perfeito como discípulo, perfeito no pensar, perfeito no falar e perfeito no agir.
A perfeição é um dos Atributos Divinos que mais se manifestam ao Homem mas este permanece cego, não querendo ver, ou não podendo ver ofuscado com o esplendoroso brilho do que é perfeito. Se a pessoa quiser chegar a D’us é preciso procurar a perfeição, e para chegar à perfeição é preciso o cumprimento dos demais preceitos de Salomão.
Mesmo que a perfeição seja uma meta inatingível, deve ser o principal objetivo de cada um.
Os astros giram numa sincronia perfeita, numa harmonia maravilhosa, como se fizessem parte de um balé perfeito, ao som da Música das Esferas, sob a regência do Altíssimo.
“Na pedra mais bem polida ainda cabe polimento.”
Salomão
Conteúdos relacionados:
- A importância do Hexagrama na Maçonaria - 12/01/2025
- Qual a importância do silêncio na Maçonaria? - 04/01/2025
- Ouro, Incenso e Mirra: os símbolos iniciáticos do Natal - 01/01/2025